quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Primeira Prévia IBOVESPA Q4 2012

A BMF BOVESPA divulgou em 1o. de Agosto de 2012 a primeira prévia da carteira teórica do IBOVESPA a vigorar durante o último trimestre de 2012.

Listo a seguir os 10 maiores aumentos de participação no índice:

Código Ação Tipo Variação
DTEX3 DURATEX ON EJ NM 34%
GOAU4 GERDAU MET PN N1 33%
NATU3 NATURA ON EDJ NM 32%
GGBR4 GERDAU PN N1 28%
HYPE3 HYPERMARCAS ON NM 26%
ITUB4 ITAUUNIBANCO PN ED N1 25%
ALLL3 ALL AMER LAT ON NM 23%
BBDC4 BRADESCO PN N1 21%
SBSP3 SABESP ON NM 21%
PCAR4 P.ACUCAR-CBD PN ED N1 21%


Os setores vencedores são:

  1. Bens Industriais e Materiais Básicos com Duratex e Guerdau;
  2. Transporte com a ALL;
  3. Consumo com Natura, Hypermarcas e Pão de Açucar;
  4. Financeiro com Itaú e Bradesco;
  5. E Utilidades com a Sabesp.   

Os 10 maiores perdedores são:

Código Ação Tipo Variação
EMBR3 EMBRAER ON NM -18%
JBSS3 JBS ON NM -19%
ELPL4 ELETROPAULO PN N2 -25%
CSNA3 SID NACIONAL ON -28%
RSID3 ROSSI RESID ON NM -31%
MMXM3 MMX MINER ON NM -31%
PDGR3 PDG REALT ON NM -31%
BISA3 BROOKFIELD ON NM -33%
USIM3 USIMINAS ON N1 -53%
OGXP3 OGX PETROLEO ON NM -54%


Os setores perdedores são:
  1. Bens Industriais e Materiais Básicos com Embraer;
  2. Consumo - Alimentos com a JBS;
  3. Utilidades com a Eletropaulo;
  4. Bens Industriais e Materiais Básicos - Siderurgia com Usiminas e Sid. Nacionalç
  5. Construção com Rossi, PDG e Brookfield. 
  6. E Mineração, Óleo e Gãs com MMX e OGX.

Conclui-se portanto:

  • O mercado acionário Brasileiro fica mais dependente do consumo interno, o que é temerário em um ambiente de aumento de desemprego e redução da renda disponível como se observou nos últimos meses;
  • O fim da ilusão dos altos dividendos como no caso da Eletropaulo;
  • O final da festa de IPOs dos últimos anos como se pode ver nas construtoras e as empresas X;
  • A iminente crise imobiliária com excesso de oferta.
De forma geral as perspectivas me parecem bastante negativas mas pelo menos o mercado acionário brasileiro vai se livrando dos aventureiros.


domingo, 15 de julho de 2012

Ações Individuais versus ETFs - Resultado Surpreendente

ETFs ou Exchange Traded Funds são hoje assunto corriqueiro para o investidor Brasileiro. Corriqueiros também são os mitos que se formaram ao seu respeito:

As vantagens propaladas do ETF são:
  1. Diversificação a baixo custo;
  2. Simplicidade de operação;
  3. Menor volatilidade.
Estas três vantagens estão ligadas ao fato da compra de um ETF ser na verdade a compra de uma cesta de ações.


As desvantagens famosas dos ETFs são, por sua vez:
  1. Tributação desfavorável (15% de Imposto de Renda);
  2. Taxa de administração.
Estas duas desvantagens são suficientes para afastar o pequeno investidor com um mínimo de experiência dos ETFs e rumo ao excitante exercício de "stock-picking".

Bom, a discussão estaria encerrada se não houvessem duas outras vantagens nos ETFs.
  1. Maior liquidez que resulta em menor ask-bid spread;
  2. Maior rendimento de aluguel. 
Para defender estas minhas duas vantagens adicionais eu preciso dar nome aos bois. Estou falando do ETF BOVA11 da Blackrock.


O BOVA11 tem mostrado impressionante volume diário que já ultrapassa os 3% do volume do índice e com clara tendencia de crescimento. Apenas 7 ações incluídas no IBOVESPA tem volume médio diário superior a 3% do volume do índice.




  
O rendimento recente de aluguel para o doador de quotas BOVA11 é de 2.30% ao ano. O rendimento médio das ações que constituem o IBOVESPA pode ser inferido a partir das 10 ações com maior participação no índice, listadas a seguir (46.7% do índice).




O aluguel de ações é tributado de forma regressiva assim como um investimento em renda fixa. Tomemos então o prazo típico de 30 dias que sofre tributação de 22.5%. Consideremos também que apenas 85% da carteira esteja alugada em um determinado período. Teríamos um rendimento liquido efetivo de 1.52% para o BOVA11 e de 0.27% para as ações integrantes do IBOVESPA.


A taxa de administração do BOVA11 é de 0.54% ao ano. As receitas de aluguel auferidas pela Blackrock tem, entretanto, limitado o efeito econômico da taxa de administração a 0.12% ao ano nos últimos três anos.


Vejamos então o comparativo entre ações individuais replicando o IBOVESPA e o BOVA11 ao longo dos anos em um cenário de valorização do IBOVESPA em 16.1% ao ano, a média dos últimos 13 anos:




O ETF, apesar de sua desvantagem tributária e taxa de administração supera o IBOVESPA a partir do décimo primeiro ano.


Surpreendente?   


   

domingo, 8 de julho de 2012

Desvalorização de automóveis no Brasil

Esta discussão começou em uma mesa de bar. Felizmente nenhum dos participantes havia ido ao bar com o seu carro (allright) porque isso seria ilegal e contra os costumes. Mas os carros de cada um estavam de alguma forma representados naquela mesa.

Cada um tinha a sua opinião e nenhuma delas estava baseada em dados concretos. Nosso consenso, todavia, é que os automóveis no Brasil desvalorizam bastante e este bastante está de alguma forma relacionado ao valor do veículo.

Como sou defensor do método científico, coloquei a mão na massa e me dediquei a elucidar esta questão. Utilizei a tabela do IPVA de 2012 que foi divulgada no final de 2011 com valores venais de automóveis apurados pela FIPE. Fiz uma seleção dos modelos que tinham sido comercializados ininterruptamente por 6 anos. Para concluir busquei os valores destes mesmos veículos, caso novos, em uma edição da Revista Quatro Rodas.

A lista completa com 59 automóveis nacionais e importados variando em preço de 23 a 449 mil reais é a seguinte:


  Com base na tabela passei a criar gráficos de dispersão entre o valor original e seu percentual residual após um ano, dois anos, três anos e assim por diante. Os gráficos são os seguintes:



Foi possível comprovar a relação direta entre o valor de aquisição e a desvalorização dos automóveis. Foi possível verificar também que existe uma certa flutuação na tendência (valores baixos de R2).



Repito abaixo a tabela de regressões de forma mais visível:





A regressão linear a cada ano permite prever a desvalorização média de um veículo escolhendo se o número de anos. Por exemplo, para um veículo novo de 70 mil reais espera-se um valor residual após 5 anos de:


Valor residual = Valor de aquisição x slope + intercept
Valor residual = 70 x (-0.0598) + 62.3
Valor residual = -4.2 + 62.3 = 58.1% ou 70 x .58 = 41 mil reais.


Alguns casos interessantes são veículos que se desvalorizaram muito mais ou muito menos do que se esperaria de acordo com as regressões, os pontos mais distantes das retas.

O campeão da desvalorização além do esperado é o Honda Accord de R$ 144 mil. Após 5 anos seu valor residual esperado era de 54% enquanto o valor residual observado foi de apenas 36%.

A maior surpresa positiva ficou com o Siena Fire Flex que tinha um valor residual esperado após 5 anos de 61% e que registrou um valor residual maior, de 73%.

O segundo lugar no campeonato de preservação de valor, para surpresa de meus amigos do bar, foi o esportivo conversível da Mercedes SLK 350 que apresentou valor residual 61% após 5 anos contra um valor residual previsto de 47%.

E o seu carro, quanto desvaloriza?   

     
  

domingo, 6 de maio de 2012

O Futuro da Renda Fixa

Existem várias formas de se aplicar na chamada renda fixa. O problema é que geralmente a renda fixa não é tão fixa assim. Explico:

Muitas formas de aplicação em renda fixa (CDB pós ou CDB CDI, LTF do Tesouro Direto, e até mesmo a nova velha poupança) tem sua rentabilidade atrelada à taxa de juros básica da economia, SELIC. O futuro da renda fixa está, portanto, atrelado em parte à variação da taxa SELIC. Digo em parte porque, como discutido anteriormente, o rendimento de um investimento deve também considerar os custos (taxas, impostos, custódia) e a inflação.

Vamos usar como exemplo um CDB CDI ou CDB pós fixado atrelado à variação do CDI. Este é um tipo relativamente popular de investimento em renda fixa oferecido por qualquer banco. Não há taxas e a forma de se comparar um banco com outro é comparando o percentual do CDI acordado em contrato. Vou utilizar 100% do CDI em minhas simulações, valor conseguido com valores acima de R$ 100 000 ou com prazos longos de investimento ou investindo-se em bancos menores e teoricamente mais arriscados. Outra aproximação será considerar o CDI (Certificado de Depósito Interbancário) idêntico à SELIC.

Um CDB com dois anos de investimento paga 15% de imposto de renda. O imposto é cobrado no momento do resgate, não há come-quotas ou taxas. O rendimento líquido real do investimento é portanto:

RLR = (1+SELIC) x (100%) x ( 1 - 15%) / (1+IPCA)

Sendo:

RLR = Rendimento líquido real;
SELIC = Taxa básica da economia - equiparada ao CDI;
100% = Percentual do CDI contratado;
15% = Tributação IR após 2 anos;
IPCA = Índice de inflação.

Utilizando valores históricos de 2007 a 2011 e valores projetados pelo Relatório Focus do Banco Central para 2012 e 2013 chego ao seguinte gráfico de  rendimento líquido real:


A regressão exponencial tem boa aderência aos valores históricos/estimados e mostra o que pode ser o futuro da renda fixa no Brasil. Um rendimento rendimento líquido real decrescente que deve se estabilizar abaixo de 1% em coisa de 10 anos.

Conclusões:
O investidor de longo prazo terá progressivamente que buscar alternativas mais arriscadas para ver seu capital crescer ao longo do tempo. A renda variável tende a ganhar importância nas estratégias de longo prazo. As estratégias de retirada baseadas em renda fixa precisam ser reavaliadas.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Tempo de dobra

Quantas dobras você tem? Não é o teste da farinha do Kid Moringueira.

O investidor de longo prazo, muitas vezes preocupado com uma futura aposentadoria, pode avaliar suas aplicações em termos do número de vezes que seu patrimônio dobrará ao longo do horizonte de investimento. Para isso precisamos dividir o horizonte de investimento pelo tempo de dobra.

De volta à velha fórmula do valor temporal do dinheiro podemos equacionar o tempo de dobra como o tempo que faz com que o valor futuro VF seja o dobro do valor presente VP:

VF = VP x ( 1 + i ) ^ t

2 x VP = VP x ( 1 + i ) ^ t

2  = ( 1 + i ) ^ t

log (2) = t x log ( 1 + i )

t = log (2) / log (1 + i )

A fórmula acima calcula, portanto, o tempo de dobra de um investimento dada a taxa de retorno. Com a taxa de retorno anual (líquida e real de preferência) o resultado é expresso em anos.

Alguns resultados da fórmula acima:

i = 2,34 % a.a. ;  t = 30 anos   (1)
= 4,73 % a.a. ;  t = 15 anos   (2)
= 7,18 % a.a. ;  t = 10 anos   (3)

Um investidor que inicia uma poupança aos 25 anos com vistas a uma aposentadoria prematura aos 55 anos tem um horizonte de investimento, para seus primeiros aportes, de 30 anos. Na situação (1) acima o investidor teria um período de dobra. R$ 1 000,00 investidos no primeiro mês teriam um valor de compra de R$ 2 000,00 no momento da aposentadoria.

Na situação (2) o mesmo investidor passaria por dois períodos de dobra e os mesmos R$ 1 000,00 investidos no primeiro mês teriam um valor de compra de R$ 4 000,00 no momento da aposentadoria.

Na situação (3) o  investidor passaria por três períodos de dobra e os mesmos R$ 1 000,00 investidos no primeiro mês teriam um valor de compra de R$ 8 000,00 no momento da aposentadoria.

Existe uma famosa aproximação para a fórmula do tempo de dobra chamada "regra dos 70". Basta dividir 70 pela taxa de retorno (expressa em porcento) para uma boa aproximação:

= 2,34 % a.a. ;  t = 29,9 anos
= 4,73 % a.a. ;  t = 14,8 anos
= 7,18 % a.a. ;  t = 9,75 anos

Nada mal!!
   
 

 

  

segunda-feira, 30 de abril de 2012

O Retorno de um Investimento

Como gerenciar seus investimentos se você não mede sua performance? Como planejar o futuro se você não conhece o presente ou o passado?

O investidor deve desenvolver métricas e "benchmarks" para avaliar a saúde e performance de seus investimentos. Vamos começar pela taxa de retorno.

Utilizando o exemplo do primeiro "post":


R$ 100,00 são investidos em um CDB e, após um ano, o valor do investimento é de R$ 110,00. Qual foi a taxa de retorno no período?

Neste caso queremos determinar i tendo:

VP = R$ 100,00
VF = R$ 110,00
t = 1 ano

VF = VP x ( 1+)^t

110 = 100 x ( 1+)^1
( 1+i ) = 110/100 = 1,1
i  = 1,1 - 1 = 0,1 = 10% ao ano

Fácil não?

Vamos adicionar um pouco de realidade. O CDB é tributado de forma regressiva em função do tempo de investimento. Com um ano a alíquota é de 17,5%. Ao sacar o dinheiro, portanto, R$ 1,75 dos R$ 10,00 de rendimentos ficarão retidos pelo Leão. 

O rendimento líquido (de impostos) é portanto:

i = (100 + 10 x (1 - 0,175))/100 - 1 = 0,0825 = 8,25%

Mais um detalhe: o objetivo aqui é avaliar a performance do investimento e para isso precisamos de um parâmetro constante. O Real de um ano atras não é o mesmo Real de hoje, existe inflação. Se não descontarmos a inflação corremos o risco de achar que um investimento foi bom quando ele simplesmente protegeu o patrimônio da corrosão inflacionária. Queremos mais que isso.

Considerando que a inflação pelo IPCA ao longo deste um ano foi de 5,5% temos:

i = ( 1 + 0,0825 ) / ( 1 + 0,055)  - 1 = 0,0261 ou 2,61% de retorno líquido real.

Eu entendo por retorno líquido real o retorno de um investimento após o pagamento de impostos, taxas de administração, custódia, corretagem, e descontada a inflação do período.        

      


    
     



        

domingo, 29 de abril de 2012

Valor temporal do dinheiro - O começo

O primeiro "post", o mais importante:
  1. Mais dinheiro é melhor que menos dinheiro;
  2. Dinheiro hoje é melhor que dinheiro amanhã.
O conceito que une as duas proposições acima são os juros ou taxa de retorno. Este é o índice que permite equalizar a mesma quantidade de dinheiro em momentos diferentes.

Usamos a letra minuscula i (de interest em inglês) para identificar os juros ou taxa de retorno. Vejamos então como equalizar um valor presente (dinheiro na mão) de R$ 100 ao longo do tempo com uma taxa de retorno de 10% ao ano:

VP = Valor presente
i = 10% a.a. (taxa de retorno anual)
t = tempo em anos
VF = Valor futuro

VF = VP x (1+i)^t

Em 1 ano:

VF = R$ 100 x (1.1)^1 = R$ 110

Portanto considerando-se uma taxa de retorno de 10% ao ano, R$ 100 na mão são equivalentes a R$ 110 daqui a um ano, tanto faz como tanto fez.

Ate aqui tudo tranquilo, mas vamos ao que interessa: porque existem juros ou taxas de retorno?

Matematicamente os dois termos são idênticos mas  geralmente usamos a palavra juros quando contraímos um empréstimo para antecipar um consumo futuro. Taxa de retorno por outro lado se refere à recompensa ou retorno pelo investimento ou adiamento de consumo.

Se não temos dinheiro para comprar um carro, por exemplo, vamos ao banco, antecipamos o consumo que normalmente só poderíamos realizar no futuro, e como penalidade pagamos uma taxa de juros.

Ao contrário, se temos dinheiro para comprar um carro hoje mas preferimos investir este dinheiro adiamos nosso consumo esperando uma recompensa na forma da valorização do nosso investimento. Muitas vezes fazemos isso visando a compra de um modelo mais sofisticado no futuro.

A justificativa para a existência dos juros ou taxa de retorno está, portanto, na natureza humana que valoriza o consumo e paga (juros) para antecipá-lo e cobra (taxa de retorno) para o adiar.