domingo, 15 de julho de 2012

Ações Individuais versus ETFs - Resultado Surpreendente

ETFs ou Exchange Traded Funds são hoje assunto corriqueiro para o investidor Brasileiro. Corriqueiros também são os mitos que se formaram ao seu respeito:

As vantagens propaladas do ETF são:
  1. Diversificação a baixo custo;
  2. Simplicidade de operação;
  3. Menor volatilidade.
Estas três vantagens estão ligadas ao fato da compra de um ETF ser na verdade a compra de uma cesta de ações.


As desvantagens famosas dos ETFs são, por sua vez:
  1. Tributação desfavorável (15% de Imposto de Renda);
  2. Taxa de administração.
Estas duas desvantagens são suficientes para afastar o pequeno investidor com um mínimo de experiência dos ETFs e rumo ao excitante exercício de "stock-picking".

Bom, a discussão estaria encerrada se não houvessem duas outras vantagens nos ETFs.
  1. Maior liquidez que resulta em menor ask-bid spread;
  2. Maior rendimento de aluguel. 
Para defender estas minhas duas vantagens adicionais eu preciso dar nome aos bois. Estou falando do ETF BOVA11 da Blackrock.


O BOVA11 tem mostrado impressionante volume diário que já ultrapassa os 3% do volume do índice e com clara tendencia de crescimento. Apenas 7 ações incluídas no IBOVESPA tem volume médio diário superior a 3% do volume do índice.




  
O rendimento recente de aluguel para o doador de quotas BOVA11 é de 2.30% ao ano. O rendimento médio das ações que constituem o IBOVESPA pode ser inferido a partir das 10 ações com maior participação no índice, listadas a seguir (46.7% do índice).




O aluguel de ações é tributado de forma regressiva assim como um investimento em renda fixa. Tomemos então o prazo típico de 30 dias que sofre tributação de 22.5%. Consideremos também que apenas 85% da carteira esteja alugada em um determinado período. Teríamos um rendimento liquido efetivo de 1.52% para o BOVA11 e de 0.27% para as ações integrantes do IBOVESPA.


A taxa de administração do BOVA11 é de 0.54% ao ano. As receitas de aluguel auferidas pela Blackrock tem, entretanto, limitado o efeito econômico da taxa de administração a 0.12% ao ano nos últimos três anos.


Vejamos então o comparativo entre ações individuais replicando o IBOVESPA e o BOVA11 ao longo dos anos em um cenário de valorização do IBOVESPA em 16.1% ao ano, a média dos últimos 13 anos:




O ETF, apesar de sua desvantagem tributária e taxa de administração supera o IBOVESPA a partir do décimo primeiro ano.


Surpreendente?   


   

domingo, 8 de julho de 2012

Desvalorização de automóveis no Brasil

Esta discussão começou em uma mesa de bar. Felizmente nenhum dos participantes havia ido ao bar com o seu carro (allright) porque isso seria ilegal e contra os costumes. Mas os carros de cada um estavam de alguma forma representados naquela mesa.

Cada um tinha a sua opinião e nenhuma delas estava baseada em dados concretos. Nosso consenso, todavia, é que os automóveis no Brasil desvalorizam bastante e este bastante está de alguma forma relacionado ao valor do veículo.

Como sou defensor do método científico, coloquei a mão na massa e me dediquei a elucidar esta questão. Utilizei a tabela do IPVA de 2012 que foi divulgada no final de 2011 com valores venais de automóveis apurados pela FIPE. Fiz uma seleção dos modelos que tinham sido comercializados ininterruptamente por 6 anos. Para concluir busquei os valores destes mesmos veículos, caso novos, em uma edição da Revista Quatro Rodas.

A lista completa com 59 automóveis nacionais e importados variando em preço de 23 a 449 mil reais é a seguinte:


  Com base na tabela passei a criar gráficos de dispersão entre o valor original e seu percentual residual após um ano, dois anos, três anos e assim por diante. Os gráficos são os seguintes:



Foi possível comprovar a relação direta entre o valor de aquisição e a desvalorização dos automóveis. Foi possível verificar também que existe uma certa flutuação na tendência (valores baixos de R2).



Repito abaixo a tabela de regressões de forma mais visível:





A regressão linear a cada ano permite prever a desvalorização média de um veículo escolhendo se o número de anos. Por exemplo, para um veículo novo de 70 mil reais espera-se um valor residual após 5 anos de:


Valor residual = Valor de aquisição x slope + intercept
Valor residual = 70 x (-0.0598) + 62.3
Valor residual = -4.2 + 62.3 = 58.1% ou 70 x .58 = 41 mil reais.


Alguns casos interessantes são veículos que se desvalorizaram muito mais ou muito menos do que se esperaria de acordo com as regressões, os pontos mais distantes das retas.

O campeão da desvalorização além do esperado é o Honda Accord de R$ 144 mil. Após 5 anos seu valor residual esperado era de 54% enquanto o valor residual observado foi de apenas 36%.

A maior surpresa positiva ficou com o Siena Fire Flex que tinha um valor residual esperado após 5 anos de 61% e que registrou um valor residual maior, de 73%.

O segundo lugar no campeonato de preservação de valor, para surpresa de meus amigos do bar, foi o esportivo conversível da Mercedes SLK 350 que apresentou valor residual 61% após 5 anos contra um valor residual previsto de 47%.

E o seu carro, quanto desvaloriza?