domingo, 8 de julho de 2012

Desvalorização de automóveis no Brasil

Esta discussão começou em uma mesa de bar. Felizmente nenhum dos participantes havia ido ao bar com o seu carro (allright) porque isso seria ilegal e contra os costumes. Mas os carros de cada um estavam de alguma forma representados naquela mesa.

Cada um tinha a sua opinião e nenhuma delas estava baseada em dados concretos. Nosso consenso, todavia, é que os automóveis no Brasil desvalorizam bastante e este bastante está de alguma forma relacionado ao valor do veículo.

Como sou defensor do método científico, coloquei a mão na massa e me dediquei a elucidar esta questão. Utilizei a tabela do IPVA de 2012 que foi divulgada no final de 2011 com valores venais de automóveis apurados pela FIPE. Fiz uma seleção dos modelos que tinham sido comercializados ininterruptamente por 6 anos. Para concluir busquei os valores destes mesmos veículos, caso novos, em uma edição da Revista Quatro Rodas.

A lista completa com 59 automóveis nacionais e importados variando em preço de 23 a 449 mil reais é a seguinte:


  Com base na tabela passei a criar gráficos de dispersão entre o valor original e seu percentual residual após um ano, dois anos, três anos e assim por diante. Os gráficos são os seguintes:



Foi possível comprovar a relação direta entre o valor de aquisição e a desvalorização dos automóveis. Foi possível verificar também que existe uma certa flutuação na tendência (valores baixos de R2).



Repito abaixo a tabela de regressões de forma mais visível:





A regressão linear a cada ano permite prever a desvalorização média de um veículo escolhendo se o número de anos. Por exemplo, para um veículo novo de 70 mil reais espera-se um valor residual após 5 anos de:


Valor residual = Valor de aquisição x slope + intercept
Valor residual = 70 x (-0.0598) + 62.3
Valor residual = -4.2 + 62.3 = 58.1% ou 70 x .58 = 41 mil reais.


Alguns casos interessantes são veículos que se desvalorizaram muito mais ou muito menos do que se esperaria de acordo com as regressões, os pontos mais distantes das retas.

O campeão da desvalorização além do esperado é o Honda Accord de R$ 144 mil. Após 5 anos seu valor residual esperado era de 54% enquanto o valor residual observado foi de apenas 36%.

A maior surpresa positiva ficou com o Siena Fire Flex que tinha um valor residual esperado após 5 anos de 61% e que registrou um valor residual maior, de 73%.

O segundo lugar no campeonato de preservação de valor, para surpresa de meus amigos do bar, foi o esportivo conversível da Mercedes SLK 350 que apresentou valor residual 61% após 5 anos contra um valor residual previsto de 47%.

E o seu carro, quanto desvaloriza?   

     
  

2 comentários:

  1. rssss...
    Tenho um siena 2002, com o qual pretendo ficar por mais 1 ou 2 anos. Nas minhas análises para uma futura troca, o vencedor era o Siena novamente... acho que não estou tao errada com minha escolha... Mas ainda assim, obrigada pela análise matemática.

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  2. Interessante.

    Talvez você consiga melhorar o R2 se dividir os carros por classes, em que cada classe é uma marca. Daria mais trabalho, visto que você teria esse conjunto de equações pra cada marca. Mas talvez o mercado entenda que determinada marca tem que desvalorizar mais que outra.

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